A Dança

Com ávido olhar te percorro à distância,
E atento e decoro tua sublime canção
Devoro lentamente teu andar e sua doce dança
Enquanto teu aproximar de mim afasta o coração
Sei-te à proximidade de um toque apenas,
Inalo sofregamente teu aroma suave e inebriante
De súbito a lonjura se possível torna-se pequena
E alto se eleva a voz de minha alma cantante!
Em nosso redor então tudo se transforma;
Cala-se o mar e seu murmúrio incessante,
Teu respirar ritmado todo o ruído toma,
Toda a cor leva teu olhar errante.
Então tudo o que julguei saber se esvai
Para que possa agora somente a ti aprender
Esqueço-me até de mim uma vez mais
E num segundo quase não me salvo de perder
Até que teu toque me liberta de mim
E do esquecimento em que a alma perdia,
Logo me aprisionas num beijo sem fim
E voluntariamente minha mente se esvazia...
Sobre mim avanças, minhas defesas transpondo
Uma atrás da outra barreira eu por ti derrubo
Enquanto o poder que sobre mim tens escondo
Tentando em vão que meu imo aches mudo
E vangloriamente vou tentando parecer forte
Mais do que sou, muito mais do que alguma vez fui!
Não te deixas ludibriar, para minha má sorte
E desta forma assisto enquanto meu mundo rui...
12 Out 2010