23:55 - deitei-me e virei-me para dormir.
Os olhos ardiam-me... O senso comum mandava-me lacrimejar e eu, sem pensar, obedeci.
Foi-me estupidamente fácil começar a chorar; pensei em ti. Bastou-me lembrar de um só momento em que me arrancaste um pedaço. Doeu...
Tentei logo parar a torrente de memórias, voltar à segurança da razão, mas foi-me impossível. A cada imagem misericordiamente desvanecida outra se sobrepunha sem pedir licença, tão nítida como se a vivesse pela primeira vez. Cada uma delas trespassava impiedosamente a minha declarada indiferença e as minhas defesas, arrancando-me lágrimas que choviam jocosas sobre a minha máscara já caída, não me permitindo parar para respirar fundo ou respirar fundo para parar. Neste desespero percorri involuntariamente todos os segundos em que mordi o lábio para engolir as tuas estocadas, os minutos que bastaram para me matar sem que te apercebesses, todos os momentos em que chorei sem lágrimas que pudesses ver...
Sucumbi então ao silêncio e às exigências do coração e meditei inconscientemente (se tal for possível) nos verdadeiros significados de ilusão e desistência... Chorei lágrimas de dor e de saudade, de amizade e de Amor, por ti e para ti, até que finalmente a insegurança da desprotecção e a ardência das memórias do coração, em comunhão com a exaustão, me avassalaram por completo e tomavam-me já por garantida quando subitamente as lágrimas estancaram - acabaram-se as memórias.
Lentamente limpei as lágrimas da minha força e num ápice se deu a recuperação! A fraqueza era agora força, a amargura deu lugar à alegria, a vulnerabilidade era segurança interior e as lágrimas tinham-se transformado num sorriso qual metamorfose de borboleta... Apenas porque olhei para o relógio e dirigi a um outro alguém um pensamento de bom dia - o mostrador dizia 6:45.

P.S: Obrigada por lá estares mesmo quando não estás mana @ És a minha força <3 Amo-te!

"Olha uma borboleta!"


"Olha uma borboleta!"
"Pois é... Que bonita!"
"Porque é que ela não voa?"
"Tem uma asa partida..."
"... Que posso fazer? As asas das borboletas não saram... Descansa, borboleta, não te vou deixar sozinha!"

Acordei com um sorriso (primeira vez em muito tempo), e, acreditando eu na simbologia dos sonhos como acredito, tive urgência em ver-te, por isso fui esperar-te.
Começo a odiar ir. Aquilo é um antro de tentação, um rodopio de cores e cheiros e possibilidades... O fumo do tabaco, luxúria... E eu resisti a tudo isso. Resisti porque estava à tua espera. É uma provação que aumenta cada vez que venho, tentando quebrar-me, quando eu não me importo de o ser. Vou ceder. Mas não hoje, não aqui, não enquanto te espero.
Vi-te, comecei bem o dia, ms o estúpido do sonho e do seu significado não me sairam da cabeça o dia todo!
Agora já é noite. Não vou escrever sobre as estrelas e a Lua ou sobre quanto te amo. Vou apenas prometer-te cuidar bem da borboleta e não a deixar sozinha.