Dors Mon Ange


Le sourire qui s'allume

Le regard qui s'embrume
Et tu t'en vas danser au ciel

Tu m'apaises tu me mens
Puis tu glisses doucement
Vers le plus beau des sommeils

Dors mon ange
Dans l'éternelle candeur
Dors mon ange
Le ciel est ta demeure
Vole mon ange
La vie est plus douce ailleurs


Dors, dors, dors, mon ange dors
Les cloches sonnent l'Angélus
Vole, vole, vole,
C'est mon enfance qui s'envole


Ce sont mes rêves que l'on viole
Je suis un funambule
Suspendue dans la brume
Je marche sur le fil de tes pas


Je titube, je bascule
Et je plonge dans l'écume
Des jours qui me parlent de toi


Dors mon ange
Dans l'éternelle candeur
Dors mon ange
Le ciel est ta demeure

Vole mon ange
Le temps pansera ma douleur...

Fraca

Não podes, não consegues imaginar!, a vontade que tive de chorar ao abraçar-te...
Depois de há tantos dias fingindo-me forte (esperando de alguma maneira que hoje não chegasse) e de usar a máscara também hoje, o teu abraço (re)tornou-me (como sempre) ao que sou: vulnerável (até ao Sol que sempre adorei...) e hipócrita (ao dizer-te que a vida realmente é maravilhosa e que temos de a enfrentar sorrindo...), fraca...
Portanto, quis chorar. Deitei até algumas lágrimas receosas em teu ombro mas repeli-me de ti antes que reparasses no quão fraca sou. Sim, fazes-me fraca. Fazes-me ser quem sou. Só a teu lado posso repousar a máscara já moldada aos defeitos da minha face... Eis quem sou! Sou inútil, débil e fraca! E mesmo assim estou a teu lado todos os dias! Apesar de quem (só tu sabes que) sou, tu manténs-me em teu coração em moldura de diamante, como se eu realmente merecesse, como se eu fosse algo de único e inatingível, como se por algum mísero segundo a minha fraqueza se comparasse à tua perfeição inata! E o pior é que não sei separar-me de ti... Só a singela ideia me enoja e enfraquece ainda mais que o habitual.
Entretanto sei que estarei a teu lado, perdida em ti (quase tanto como sem ti), dependente, fraca...

Desejos....

Mais uma vez dou por mim secretamente reprimindo desejos inconscientes... (Uma acção a que recorro demasiadas vezes para ter plena consciência de que o faço, mas que nem por isso deixo de o fazer) E que desejos tão sombrios! Escuros demais para que de sonhos pudessem ser chamados. Decido por uma vez iluminá-los, atirar-lhes uma corda para que emerjam do poço sem fim que é a minha mente e me percorram até sairem esforçadamente, demoradamente, dando corpo a receosas letras e palavras... Esta é portanto, a voz dos meus mudos desejos, sem que eu me deixe silenciá-la:

Precisava de um quarto escuro, num qualquer sítio distante, onde pudesse simplesmente chorar, só eu, sem nada nem ninguém... Nem de comida eu precisaria, só água, qual prisioneira (de mim própria, por certo, mas de igual maneira prisioneira) Não precisaria da tua mão para me amparar, deixar-me-ia simplesmente (ca)ir, indefesa. Não tentaria impedir as lágrimas, a dor, nem mesmo a queda. Seria como a pena na tormenta, o grão de areia sendo levado pela corrente... E a última coisa de que eu precisaria seria a praia, o Sol, a cessação da dor. Porque saberia que mais cedo ou mais tarde o quarto se iluminaria de alguma maneira e eu teria de abrir os olhos e sorrir, sem que o meu desejo se tivesse cumprido.
E eu sei que quando tivesse já tudo chorado e emergisse da escuridão desse esconderijo, tu lá estarias para mim, para me amparar e dizer que já tudo tinha passado...
E aí (re)ssurgiria a irreparável sede que tenho do teu Amor, de te amar plenamente, sem limites! Por vezes sinto que nos restringimos demais... Sei que levantamos barreiras entre nós de dia para dia mas mesmo assim um grito em mim ecoa de que nos falta ainda muito caminho para percorrer.
Tudo em mim anseia por estar contigo, por te ter em meus braços, por te tocar e ser tua... Cada beijo, inocentemente repleto de luxúria, nos une um pouquinho mais, mesmo quando pensamos que tal já não é possível. Intoxicas-me com o teu perfume, enebrias-me com o teu toque e vicias-me no teu Amor. Amo-te demasiado, mais do que é são amar, e mesmo assim adoro-o. Fazes-me feliz com a tua loucura e o teu Amor, sou plena só em ti. Cada vez que me tomas em teu coração é especial, divinal até... Levas-me ao céu e mais longe, meu anjo... E mesmo assim arquejo por mais! Porque no fundo sabemos que podemos ir mais longe. Não bastam promessas (ou certezas) de uma vida em comum, quero-te por inteiro. Nunca fui uma pessoa ciumenta mas fazes com que me roa por dentro com o brilho no teu olhar e o teu sorriso ao mencionares outros nomes... E sei que também o sentes (nunca conseguiste disfarçar os ciúmes e a irritação quando sou eu que o faço sem querer) Sou tua, sei que sabes, sei também que te tenho e que é a maior das loucuras tudo o que fazemos mas é-me superior aquilo que sinto, é-te superior a maneira com que me prendes, é-nos superior o que nos une... Como posso ter mais, se já me dás tudo, se te dou tudo, se um só toque nos faz despir de todas as inibições da vida mundana? Mesmo assim, sei que um dia vou ter mais, muito mais...
E já tive tanto... Deixei-te fugir, sei-o, não importa quão veemente o negaste. Negá-lo-ias outra vez agora se o pudesses, conheço-te bem. Mas não podes. Não mais o teu doce toque em minha face, nunca mais a tua mão na minha... Sei (tenho de acreditar) que era isto que querias para mim, que continuasse sem ti. Mas crês realmente que a este andar cadenciado sem alma nem coração se pode chamar Vida? Só contigo e em ti encontrei Vida, feliz na verdadeira acepção da palavra e não apenas enquanto ausência de tristeza. Será que se não tivesses ido eu teria ainda todo este Amor por ti? Secalhar o tempo já teria prestado a sua parte e estariamos alegremente separadas, unidas apenas nas memórias do passado... Talvez te ame apenas porque te amava quando partiste... Sendo assim, não seria mais lógico odiar-te? Nunca fui muito racional ou lógica e provavelmente é isso que ainda me faz querer ir ter contigo... Será talvez esse o meu mais tenebroso desejo, o que tenho tentado renegar, abjurar e abafar todos os momentos desde que não te tenho a meu lado. E sei que não posso! É essa certeza que me consome e me atormenta diariamente e me impede de usar um sorriso que não para ela. É o que me faz usar a mesma máscara todos os dias e só nas mãos dela a repositar de vez em quando. Continuo saudosamente sangrando no fundo de mim por ti todos os dias... Até ter um qualquer quarto escuro num sítio distante para o poder gritar até tudo me doer (para que possa assim ignorar outras dores) será assim que será.
E tu. Tu és o meu maior enigma, aquele que passo os dias a tentar involuntaria e vangloriamente decifrar, sempre em vão. Como todos os enigmas, percebo-te agora melhor do que quando te tinha nas minhas mãos. Percebo todos os meus erros e sei que não os cometeria se houvesse alguma hipótese de termos algo parecido ao que tivemos. A grande questão é se a há. Eu sei que o quero, quero tentar de novo! Desejo poder outra vez sussurrar-te ao ouvido "Amo-te, mana..." sem receios, mas tenho medo demais para o fazer. Sei, no entanto, que se o voltar(mos) a dizer, serei a primeira a fazê-lo. Sempre foi assim, e só agora percebo porquê. Tanto tempo passou e tantos erros foram cometidos até que eu finalmente entendesse que és exactamente como eu. Quanto menos o dizes, mais o sentes.