A Dança

Com ávido olhar te percorro à distância,
E atento e decoro tua sublime canção
Devoro lentamente teu andar e sua doce dança
Enquanto teu aproximar de mim afasta o coração
Sei-te à proximidade de um toque apenas,
Inalo sofregamente teu aroma suave e inebriante
De súbito a lonjura se possível torna-se pequena
E alto se eleva a voz de minha alma cantante!
Em nosso redor então tudo se transforma;
Cala-se o mar e seu murmúrio incessante,
Teu respirar ritmado todo o ruído toma,
Toda a cor leva teu olhar errante.
Então tudo o que julguei saber se esvai
Para que possa agora somente a ti aprender
Esqueço-me até de mim uma vez mais
E num segundo quase não me salvo de perder
Até que teu toque me liberta de mim
E do esquecimento em que a alma perdia,
Logo me aprisionas num beijo sem fim
E voluntariamente minha mente se esvazia...
Sobre mim avanças, minhas defesas transpondo
Uma atrás da outra barreira eu por ti derrubo
Enquanto o poder que sobre mim tens escondo
Tentando em vão que meu imo aches mudo
E vangloriamente vou tentando parecer forte
Mais do que sou, muito mais do que alguma vez fui!
Não te deixas ludibriar, para minha má sorte
E desta forma assisto enquanto meu mundo rui...
12 Out 2010

Deus Criando os Sentimentos...

Futuro Incerto

Sei que não deveria deixar que me possuisses assim.
Sei que deveria ter algo a que chamar meu em mim.
Mas tu chegas com toda a tua frieza em seu esplendor,
Eu passo-me para a tua mão, e quase que é indolor
Pois teu sorriso é-me sempre anestesiante, paralisante,
Dominador.
Perco a eloquência, tremo a voz, baralham-se as palavras.
As que tu anseias ouvir, as que te sussurro a horas proibidas.
Mas tremem sempre ao sair. Como quando preciso de fugir
E a liberdade torna-se apenas em mais uma armadilha onde cair
E (re)descubrimos que nada é como achei ou como achavas
E abrem-se de novo por mais um sonho velhas feridas.
E à noite, quando choras sozinha envolta em sonhos de jasmim
Pensa em mim.
Lembra-te que os meus sonhos são mais escuros que os teus.

Seduce my mind and you'll have my body.
Find my soul and I'm yours forever.

El mio cuore el il tuo per sempre.

Tréguas

Uma escolha (mal) feita e a batalha decorre.
Impávida e serenamente assistimos ao sangue que escorre.
O meu, o teu e todo o outro sem dono, derramado em vão.
Mas a batalha decorre. Batalhemos então.
De que nos serve tudo isto, estas vestes tingidas de carmesim?
De que te serve o talento, de que me serve a sapiência
Se a batalha decorre ainda assim?
Paciência.
Batalhemos ainda.
Uma lágrima disfarçada, um grito de guerra que ecoa.
Mais um golpe dado, mais uma esquiva por pouco
E um bocadinho mais deste nosso ritmo louco,
Desta cadência impossível de parar, que de nós escoa...
Porque vieste para conquistar num só segundo
E derrotadas as tropas indefesas não tens por que ficar.
Mas não é um campo de batalha, este teu mundo
E tu não és Marte.
Mas eu não sei senão amar-te.
Que sorte esta que em ti me fez tropeçar,
Que me faz querer por-te no bolso e nunca mais de lá te tirar!
Houve um tempo em que dizias não querer de lá sair.
Dizias que o meu Amor era a tua prisão voluntária.
Diz-me então, quem te pagou a fiança?
Disseste não ser necessária toda a minha desconfiança
Mas o que é certo é que nunca a tive.
Só tu de ti desconfiaste.
E de todas as vezes que o fizeste, tinhas razão.
Mas cegamente te segui e cegamente combato agora,
Tentando esquecer esta venda e esquivar-me das tuas estocadas
Quando tu sem esforço afastas as minhas com as costas da mão
Como insectos irritantes esvoaçando em teu redor em má hora.
Mas também qualquer hora é má excepto a meia-noite
E é ainda o crepúsculo que se abate sobre nós.
Desta vez contudo as estrelas não fazem o nosso deleite.
Sabemos que quando a Lua for soberana e rainha
Teremos já perecido na batalha que decorre.
Calamidade! Que escolha a tua e que conformidade a minha!
Um olhar em frente, um sorriso torcido, dois corações quebram...
E por entre a neve sem tréguas o sangue escorre.

Arcanjo

Chamas-me anjo, mas não sou assim tão angelical. Lúcifer pecou por vaidade e lúxuria. Eu troco apenas a vaidade pelo ciúme ocasional de te ver noutros braços, de sorrires para outros olhos... Não sou aquilo que precisas que seja mas pela primeira vez não serei cobarde, não te deixarei. Apenas porque me chamas anjo e dizes que sou perfeita. O simples facto de tu realmente acreditares em tal insanidade faz-me forte o suficiente (e louca por demais) para o tentar ser.
Porque eu preciso de o ser. Porque tu precisas que o seja. Se não for eu, quem te amparará a queda? Quem me tomará nos braços quando também eu cair?
Se apenas tu soubesses quanto significas, quão crucial a tua presença é em mim... És-me tudo, sabê-lo bem, mas mesmo assim acreditas nada ser. Como se o resto do Mundo fosse algo comparado a nós! Como se algo mais importasse do que o facto de haver o "nós" ou como se o futuro fizesse sentido em algo mais do que na prolongação desse mesmo "nós"... Desse "nós" que se tornou na verdade tudo o que sou, tudo o que és. Dentro dele, dentro de mim, a tua beleza ofusca e o teu Amor é uma dádiva. Se eu sou o arcanjo face aos outros anjos menores, tu és muito mais do que isso, tu ascendes à divindade.
Sem preconceitos ou pudor te beijo, e tudo muda. Todas as concepções de realidade ou torpor, de Amizade e de Amor. Tudo se mistura menos este sentimento difuso que procuro mostrar sem dizer, que me faz na verdade única, e angelical.
E no segundo seguinte emerjo na amargura de mais uma manhã sem ti, mas sorridente na confiança da tua chegada próxima, e as saudades por vezes tão despropositadas quase que se dissipam ao te enviar um pensamento de bom dia (ou boa tarde =P). E a ausência da tua resposta quase não dói pois sei (pela primeira vez, tenho a certeza) de que também tu te amarguras sem mim, e anseias pela minha presença. E sofregamente me entrego a ti sem preconceitos ou pudor.


(Primeira vez que escrevo um texto para uma pessoa só o.O)

Believe

I never expected anything from the world
So I was never disappointed with what I got
Everybody thought I was just negative or cold
And all I wanted was not to let myself get hurted

Chorus:
But then you came into my life
And said the world was in my hand
For I was perfect but oh so blind
You made me wish to fly again
Told me I had to dream of better days
I had to spread my wings and fly
Oh and you had so much more to say
And I never needed to know why
'Cause if it's you telling me, I believe

I always thought it would surely rain
When the sun was high in the blue
I always expected the least to come
I always tried the hardest to do

Repeat Chorus

So tell me the sky is turning red,
The sun to shades of grey
I'll believe everything you said
It couldn't be any other way
'Cause I know the sunshine in your eyes
Will never fade away
And I know the biggest lies
Aren't lie enough for you to say
But I believe.

8th February 2010

Cantos de Mundo

Penso uma outra vez em ti neste meu canto de mundo.
Meu? Não. Diria ser mais teu do que meu este canto onde me encontro, pois nele só tu encantas e de mim saudades apenas. Que planeio alcançar com este meu vão luto e sucumbir latente excepto o sucumbir em si?
Enquanto pensamentos vadios ferem memórias de nós dou por mim perguntando-me se pensarás em mim. Afinal, que fui eu na tua vida? Uma leve lembrança passageira, um sorriso ocasional quando algo te faz lembrar a minha "perfeitamente imperfeita maneira de ser", talvez. No entanto, foste para mim tão mais do que uma estação! Nenhum amor sazonal foi alguma vez tão intensamente vivido e mesmo assim o meu tempo contigo continua a parecer-me cruelmente fugaz...
É principalmente essa a razão que me faz amaldiçoar o acaso que te fez entrar resplandescente na minha sombria vida. Mas a vida não passa de acasos que nos impõem escolhas, e escolhemos assim. Escolhemos deixar de delicadamente andar em pontas dos pés e dançar no tapete vermelho que sabíamos que nos iriam arrancar de debaixo.
E assim foi. Dançámos (e que dança intensa!), o tapete foi puxado e tu partiste. E tanto que foi deixado por dizer, tantos beijos por dar, tantos toques por despertar! Quero voltar a dançar ao teu ritmo, sentindo a areia quente sob os meus pés descalços e teu toque enebriante na minha pele nua... A tua respiração ofegante de antecipação em meu pescoço ainda me persegue por vezes mas é o teu olhar estrelado no momento da despedida que me acompanha sempre. Em retrospectiva, agradeço não te ter acompanhado ao aeroporto. Calculo que seria pior se a última imagem que tivesse tua fosse no hangar, rodeado de pessoas de alguma maneira felizes.
Por vezes sonho (a maior parte delas sem dormir) em visitar as cobiçadas paisagens do teu país, conhecer a tua tão bem falada cidade natal e, enquanto feliz em férias (do mundo lá fora), encontrar-te-ia num pôr do Sol digno da sua fama irlandesa... Como desenrolo a minha imaginação demasiado fértil já to confessei, éramos ainda felizes juntos. Mas, tal como uma nuvem tapando o Sol, a realidade impõe-se e a desistência toma as rédeas de meus etéreos sonhos.
No entretanto, se algum dia nesse teu canto de mundo um qualquer acaso te lembrar de mim e isso te faça sorrir, se decidires assim espreitar este (tão teu) outro canto, deixo aqui as minhas mais profundas desculpas por não cumprir o prometido e ter saudades tuas. O mundo é lúgubre sem o teu calor, Stephen. Voltei à sombra.




**If I was about to cross over and I had only one wish, I'd ask to spend the eternity with you**

Dors Mon Ange


Le sourire qui s'allume

Le regard qui s'embrume
Et tu t'en vas danser au ciel

Tu m'apaises tu me mens
Puis tu glisses doucement
Vers le plus beau des sommeils

Dors mon ange
Dans l'éternelle candeur
Dors mon ange
Le ciel est ta demeure
Vole mon ange
La vie est plus douce ailleurs


Dors, dors, dors, mon ange dors
Les cloches sonnent l'Angélus
Vole, vole, vole,
C'est mon enfance qui s'envole


Ce sont mes rêves que l'on viole
Je suis un funambule
Suspendue dans la brume
Je marche sur le fil de tes pas


Je titube, je bascule
Et je plonge dans l'écume
Des jours qui me parlent de toi


Dors mon ange
Dans l'éternelle candeur
Dors mon ange
Le ciel est ta demeure

Vole mon ange
Le temps pansera ma douleur...

Fraca

Não podes, não consegues imaginar!, a vontade que tive de chorar ao abraçar-te...
Depois de há tantos dias fingindo-me forte (esperando de alguma maneira que hoje não chegasse) e de usar a máscara também hoje, o teu abraço (re)tornou-me (como sempre) ao que sou: vulnerável (até ao Sol que sempre adorei...) e hipócrita (ao dizer-te que a vida realmente é maravilhosa e que temos de a enfrentar sorrindo...), fraca...
Portanto, quis chorar. Deitei até algumas lágrimas receosas em teu ombro mas repeli-me de ti antes que reparasses no quão fraca sou. Sim, fazes-me fraca. Fazes-me ser quem sou. Só a teu lado posso repousar a máscara já moldada aos defeitos da minha face... Eis quem sou! Sou inútil, débil e fraca! E mesmo assim estou a teu lado todos os dias! Apesar de quem (só tu sabes que) sou, tu manténs-me em teu coração em moldura de diamante, como se eu realmente merecesse, como se eu fosse algo de único e inatingível, como se por algum mísero segundo a minha fraqueza se comparasse à tua perfeição inata! E o pior é que não sei separar-me de ti... Só a singela ideia me enoja e enfraquece ainda mais que o habitual.
Entretanto sei que estarei a teu lado, perdida em ti (quase tanto como sem ti), dependente, fraca...

Desejos....

Mais uma vez dou por mim secretamente reprimindo desejos inconscientes... (Uma acção a que recorro demasiadas vezes para ter plena consciência de que o faço, mas que nem por isso deixo de o fazer) E que desejos tão sombrios! Escuros demais para que de sonhos pudessem ser chamados. Decido por uma vez iluminá-los, atirar-lhes uma corda para que emerjam do poço sem fim que é a minha mente e me percorram até sairem esforçadamente, demoradamente, dando corpo a receosas letras e palavras... Esta é portanto, a voz dos meus mudos desejos, sem que eu me deixe silenciá-la:

Precisava de um quarto escuro, num qualquer sítio distante, onde pudesse simplesmente chorar, só eu, sem nada nem ninguém... Nem de comida eu precisaria, só água, qual prisioneira (de mim própria, por certo, mas de igual maneira prisioneira) Não precisaria da tua mão para me amparar, deixar-me-ia simplesmente (ca)ir, indefesa. Não tentaria impedir as lágrimas, a dor, nem mesmo a queda. Seria como a pena na tormenta, o grão de areia sendo levado pela corrente... E a última coisa de que eu precisaria seria a praia, o Sol, a cessação da dor. Porque saberia que mais cedo ou mais tarde o quarto se iluminaria de alguma maneira e eu teria de abrir os olhos e sorrir, sem que o meu desejo se tivesse cumprido.
E eu sei que quando tivesse já tudo chorado e emergisse da escuridão desse esconderijo, tu lá estarias para mim, para me amparar e dizer que já tudo tinha passado...
E aí (re)ssurgiria a irreparável sede que tenho do teu Amor, de te amar plenamente, sem limites! Por vezes sinto que nos restringimos demais... Sei que levantamos barreiras entre nós de dia para dia mas mesmo assim um grito em mim ecoa de que nos falta ainda muito caminho para percorrer.
Tudo em mim anseia por estar contigo, por te ter em meus braços, por te tocar e ser tua... Cada beijo, inocentemente repleto de luxúria, nos une um pouquinho mais, mesmo quando pensamos que tal já não é possível. Intoxicas-me com o teu perfume, enebrias-me com o teu toque e vicias-me no teu Amor. Amo-te demasiado, mais do que é são amar, e mesmo assim adoro-o. Fazes-me feliz com a tua loucura e o teu Amor, sou plena só em ti. Cada vez que me tomas em teu coração é especial, divinal até... Levas-me ao céu e mais longe, meu anjo... E mesmo assim arquejo por mais! Porque no fundo sabemos que podemos ir mais longe. Não bastam promessas (ou certezas) de uma vida em comum, quero-te por inteiro. Nunca fui uma pessoa ciumenta mas fazes com que me roa por dentro com o brilho no teu olhar e o teu sorriso ao mencionares outros nomes... E sei que também o sentes (nunca conseguiste disfarçar os ciúmes e a irritação quando sou eu que o faço sem querer) Sou tua, sei que sabes, sei também que te tenho e que é a maior das loucuras tudo o que fazemos mas é-me superior aquilo que sinto, é-te superior a maneira com que me prendes, é-nos superior o que nos une... Como posso ter mais, se já me dás tudo, se te dou tudo, se um só toque nos faz despir de todas as inibições da vida mundana? Mesmo assim, sei que um dia vou ter mais, muito mais...
E já tive tanto... Deixei-te fugir, sei-o, não importa quão veemente o negaste. Negá-lo-ias outra vez agora se o pudesses, conheço-te bem. Mas não podes. Não mais o teu doce toque em minha face, nunca mais a tua mão na minha... Sei (tenho de acreditar) que era isto que querias para mim, que continuasse sem ti. Mas crês realmente que a este andar cadenciado sem alma nem coração se pode chamar Vida? Só contigo e em ti encontrei Vida, feliz na verdadeira acepção da palavra e não apenas enquanto ausência de tristeza. Será que se não tivesses ido eu teria ainda todo este Amor por ti? Secalhar o tempo já teria prestado a sua parte e estariamos alegremente separadas, unidas apenas nas memórias do passado... Talvez te ame apenas porque te amava quando partiste... Sendo assim, não seria mais lógico odiar-te? Nunca fui muito racional ou lógica e provavelmente é isso que ainda me faz querer ir ter contigo... Será talvez esse o meu mais tenebroso desejo, o que tenho tentado renegar, abjurar e abafar todos os momentos desde que não te tenho a meu lado. E sei que não posso! É essa certeza que me consome e me atormenta diariamente e me impede de usar um sorriso que não para ela. É o que me faz usar a mesma máscara todos os dias e só nas mãos dela a repositar de vez em quando. Continuo saudosamente sangrando no fundo de mim por ti todos os dias... Até ter um qualquer quarto escuro num sítio distante para o poder gritar até tudo me doer (para que possa assim ignorar outras dores) será assim que será.
E tu. Tu és o meu maior enigma, aquele que passo os dias a tentar involuntaria e vangloriamente decifrar, sempre em vão. Como todos os enigmas, percebo-te agora melhor do que quando te tinha nas minhas mãos. Percebo todos os meus erros e sei que não os cometeria se houvesse alguma hipótese de termos algo parecido ao que tivemos. A grande questão é se a há. Eu sei que o quero, quero tentar de novo! Desejo poder outra vez sussurrar-te ao ouvido "Amo-te, mana..." sem receios, mas tenho medo demais para o fazer. Sei, no entanto, que se o voltar(mos) a dizer, serei a primeira a fazê-lo. Sempre foi assim, e só agora percebo porquê. Tanto tempo passou e tantos erros foram cometidos até que eu finalmente entendesse que és exactamente como eu. Quanto menos o dizes, mais o sentes.