A Efemeridade da Eternidade









Disseste-me "para sempre" e eu, ingénua por uma vez, acreditei. E à luz dessa ilusão me revesti de sonhos de um futuro a teu lado e de queridas memórias por acontecer.
Depois, tudo se despedaçou; os sonhos, as memórias (as do passado e as do futuro), e eu... E foi enquanto as lágrimas eram derramadas nos pedaços de nós que me apercebi o quanto ingénua fora ao crer nas tuas vãs promessas. Não que tenhas mentido voluntariamente ou que me quisesses magoar, não creio que fosse por crueldade que o fizeste. Simplesmente não sabias o que dizias. Nem tu, nem eu, nem ninguém, pois quem promete a eternidade baseia-se apenas num sentimento efémero do presente e em vãs esperanças de que ele se mantenha. O que depois se descobre é que a eternidade, aquele "para sempre" proferido tão convictamente, tende a escapar-nos por entre os dedos das mãos quando menos esperamos. E que o Amor, esse sentimento volátil, sobrevive apenas na luta diária por ele mesmo e às vezes as palavras ditas no fulgor da batalha são desprovidas de significado na derrota.
No entanto, continuamos credulamente, derrota após derrota, a prometer-nos na eternidade. Mas eu sou diferente. Eu já não o voltarei a fazer.
A dor a que chamo tua (pois é-te devida) mudou-me ao ponto de já não reconhecer a imagem no espelho. Perdi toda a emoçao, todo o sentimento. Tornei-me uma sombra do que fui e, como tal,distante, fria... Não me digno a sentir, não sei já esperar e temo sonhar.
Levaste-me contigo. A minha alma deve certamente ter-se perdido na eternidade pois tenho consciência da opacidade dos meus olhos. Dizem-me que perdi o brilho que neles tinha. Eu só sei que te perdi, que perdi a eternidade.
Mas a eternidade é relativa....
Serei eu a única a aperceber-me da efemeridade da eternidade?