Pensamuitos!


Acabei de sair do banho. Estou mal. Pensei demais. Penso sempre demais no banho. É onde consigo estar sozinha. E gosto de imaginar que todos os pensamentos e problemas são levados pela água... Um dos poucos prazeres que ainda me permito satisfazer.

O quarto está escuro. Não me apetece acender a luz.

Estou cansada. Vou deitar-me, só um bocadinho. O resto pode esperar.

Não vejo o tecto, não vejo nada. Ainda bem. Assim não tenho de ver espelho nenhum.

Estou tão cansada... Sinto-me fraca.

A apatia invade-me.

Só me apetece chorar, morrer de vez...

Voam três caixas de comprimidos pela janela.

Merda.

Está quase na hora de os tomar, vou ficar insuportável.

Azar.

Aquilo faz-me mal, não é Victor? Pois vais voltar a ver o que nunca quis que visses, vais ver-me. E vais lembrar-te que sou mortal, efémera. Sou algo terrível que ninguém devia amar, quanto mais tu...

Onde é que eu arranjei força para me levantar?? Deve ter sido a fúria. Vou deitar-me outra vez.

Merda, tenho frio. Devia levantar-me e ir buscar uma manta ou um agasalho. Azar, pode ser que morra de hipotermia e ficamos todos bem.

Sim, até tu, mana. Mesmo que doa, as borboletas um dia aprendem a voar sem ajuda, sabias? Basta terem coragem e acreditarem nelas próprias.

Eu também devia acreditar.

Devia ser corajosa como me disseste para ser. Mas eu não sou tu, Luís. Tu é forte e eu não. As coisas que tu aguentas... Chego a pensar que és uma ilusão. Segundo a lógica, não podes ser real. Mas eu nunca fui muito lógica... Isso é com a Carla. E a tua mão na minha não pode ser ilusão. Sabias que eles pensam que estou "assim" por teres ido?

Que parvoíce. Se fosse só isso, era fácil!

Se fosse só a dor da ausência dele não estaria a definhar lentamente.

Não aguento tanto peso nos meus ombros! Deixem-me sair daqui!

E se... Será que posso sangrar até à morte? Posso, claro que posso. É isso. Vou deixar tudo escorrer de dentro de mim...

Não! Pára, Marina! Respira fundo... Tens quem precise de ti. E prometeste-lhe que não fazias merda.

*Marina!*

Merda que é que esta quer de mim agora??

*Vem cá. Já!*

Deve ser para lhe limpar o cú.

É melhor ir...

Fica para outro dia.

2 comentários:

Gervásio disse...

oh lamb, lamb.....
what have you done?

gostei bastante e, sem querer estragar a profundidade do texto, acredito que é meu dever salientar duas coisas:

1- nunca podias estar em silêncio no teu quarto porque aquela tua porta com autocolantes marados e teimosos para boi range como o chão que certos padres pisam aquando das suas escapadinhas para ver o seu saldo na vodafone;

2- já que o vítor, o luis e a carla participam na acção "marina não abodegues!" quero deixar o meu contributo que, tal como todos n´so sabemos, está sempre em demasia e quando proferido as pessoas pensam: e a pergunta?
bom aqui vai: nós sabemos ambas o que somos.
não somos o mesmo em todo o lado e a fragmentação é boa e ao mesmo tempo prejudicial.
tudo o que pensamos tem consequencias ( somos mulheres de palavra e pensamento .
Os nossos segredos pertencem nos mas não nos devem dominar. Se os deixarmos virão aquelas coisas que tentamos esconder do resto do mundo a tentar virar nos as tripas e acabamos sombras do que fomos.


Isto não deve ter feito sentido nenhum pois não?

I think that is the reason people say they like me.
I´m clueless and proud of it!

Küssien.

Cá ઇ‍ઉ disse...

Mesmo que as borboletas aprendam a voar sozinhas, e mesmo até que elas o possam fazer sem qualquer ajuda... eu sou uma borboleta que ou não quero voar, ou não quer aprender a voar sozinha: pq isso implica não te ter a meu lado, e para isso prefiro não voar...

De qualquer maneira, vaia levar um beijo (em vez de um murro)...

E... ah... quase me esquecia de dizer... AMO-TE! (Só não me esqueço já de o sentir)

Nem quero...