A esta raiva que me preenche, que me inunda completamente, só a ela escrevo agora. Só a ela vejo, só ela sinto, só ela sou. E no que me tornei, nesta mescla disforme e inquieta de dor, confusão e ressentimento! O que eu fui, e não há tanto tempo assim, e no que ela me transformou… Ira dominadora, ira plena, ira negra, esta ira que é minha e que me tem, tal qual uma marioneta
- Push push another string and here I go, throwing another punch, stepping another line
E afinal raiva de quê ou de quem? De mim, de ti, dele e dela e de nenhum. Do Sol que teima em não aparecer, do vira-vira-vem-vem-puxa-puxa, do passatempo avassalador a que chamo trabalho, do dinheiro que não cai do céu, do “Felizes para sempre” que teimei em acreditar
- Nothing compares to you though, and to the love we feel
Amor esse palpável, eléctrico e denso, que teima em não se deixar inspirar sem suor na pele. Amor crescente na decadência do júbilo e do vício, esse vício que tanto fulgor me dá, tanta ira pela impotência em resistir-lhe, em ser eu e forte de novo. Afogo-me em raiva a cada raiar do dia para em cada romper da noite te ter que inspirar às golfadas, sufocando-me em mim
- Try not to fall asleep to dream, try not to fall to scream, try not to fall at all
Um desejo impotente à sua criação, o de união eterna e plena de almas. A esperança de que a moeda caia do lado errado por uma vez. E a raiva subjacente ao ego.
Nov 2011
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