Não consigo dormir. Outra vez. Pela última vez.
Faço uma derradeira tentativa e fecho os olhos até me doerem.
Hoje a Dor é pior, apenas porque é a última vez...
Penso incessantemente: "Deixa-me, solta-me!"
Mas tu não vais, tu não me abandonas!
Nem hoje, nem amanhã, nem nunca

Mas esta noite é diferente das outras, sinto-o.
A minha pele arrepia-se apesar do calor infernal
Está a acontecer, é agora. Finalmente, sinto-o!
O Corpo sofre, a Mente dói, a Alma arde tão fugaz
Mas o coração rejubila pela libertação tão esperada
E num lampejo recordo tudo o que amanhã serei capaz

E então acontece. Deixo de respirar.
Num momento me assola, me isola, me prende
Aquilo que me tinha proibido de esperar
Torna-se neste momento a minha realidade
É o Impossível, é o Ying. É tudo.
Num só golfejo tento aspirar a liberdade
E só então me dou conta de que
Sem ti sinto ainda e ainda respiro!
Vivo, vivo sem me sobreviver
Apenas e só a ti sobrevivo...,
E faço-o sem mais o tentar
O impossível materializa-se esta noite
E eu incrédula assisto-me a mudar.

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